[RESENHA] Belleville - Felipe Colbert
BELLEVILLE – FELIPE
COLBERT
Se pudesse, Lucius aterrissaria em 1964 para ajudar Anabelle a
realizar o grande sonho do seu falecido pai! De quebra, ajudaria a moça a
enfrentar alguns problemas muito difíceis, entre eles resistir à violência do
seu tio Lino. Claro que conhecer de perto os lindos olhos verdes que ele viu no
retrato não seria nenhum sacrifício... Sem conseguir explicar o que está
acontecendo, Lucius inicia uma intensa troca de correspondência com a antiga
moradora da casa para onde se mudou. Uma relação que começa com desconfiança,
passa pelo carinho e evolui para uma irresistível paixão – e para um pedido de
socorro...
Confesso que
nunca tinha lido nada do Felipe, apesar de, ouvir coisas maravilhosas à seu
respeito e de sua escrita na blogosfera literária. Estou sem palavras para
descrever o meu amor por Belleville; sua história, personagens e enredo. Não
foi um livro que me conquistou de primeira, pois a princípio, não senti empatia
pelos protagonistas, que com o passar das páginas trataram de me fazer mudar de
ideia a seu respeito.
‘Belleville’
conta a história de Anabelle e o sonho de seu pai – construir uma montanha
russa, cujo nome dá título ao livro, em homenagem à filha. A menina, que acaba
de completar a maioridade, perdeu a mãe muito cedo sendo praticamente criada
pelo pai, que anos mais tarde também viera a falecer. Anabelle então, se vê
sozinha em uma casa grande, com seu gato Tião, os mantimentos quase escassos, e
o pior, uma vida solitária. É quando resolve enterrar uma pequena caixa no
quintal de sua casa, onde o pai começara a construir Belleville, com uma carta/convite
ao futuro morador da casa para que realizasse o projeto inacabado do pai.
“Não fazia sentido uma
carta aparecer junto daquela que eu mesma havia guardado para o próximo
morador; menos ainda, eu receber a resposta de alguém que afirmava ser um novo
morador se eu nem sequer havia me mudado dali. E nunca me mudaria.” Página 44
Lucius é o
outro protagonista da história, a diferença é que vive cinquentas anos à frente
de Anabelle. E é ele o responsável por encontrar a carta da menina, de
responde-la e sim, de receber a resposta. Juntos, Anabelle e Lucius fazem parte
de algo incrível e inimaginável, afinal, apesar da grande diferença de idade e
de tempo, eles passam a se comunicar por cartas e a planejar a construção de
Belleville, não conseguindo evitar se apaixonar no caminho.
Nem tudo é
flores, afinal, Lucius foi para Campos do Jordão – a cidade em que a história
se passa – para cursar a universidade e realizar o sonho de seu próprio pai.
Porém, quando se depara com Belleville e com Anabelle, o moço se entrega
totalmente ao sonho da menina.
Ambos vivem
na mesma casa, em tempos diferentes, e apesar de demorarem a acreditar que
estão mesmo conversando com uma pessoa de outro tempo, não demoram a se
convencer.
Como toda
história, Belleville tem um vilão, e este ser desprezível seria o Tio de
Anabelle que chega sem avisar para destruir toda a esperança da menina.
"Minha mente ficou
absorta, navegando em algum lugar onde alguma coisa não faz sentido.
Subitamente, transitei de volta à realidade. Percebi que havia demorado tempo
demais. Precisava tomar um banho e ir para a universidade. Então deixei o
galpão, desolado. No fundo, queria que Anabelle aparecesse naquela filmagem.
Não para me certificar de que estava falando com ela; mas para aceitar o fato de
que precisava que ela existisse.” Página
99
Como disse,
no início, a história se arrastava para mim, cheguei até mesmo à pensar que não
estava gostando do livro. Bom, me enganei totalmente. Agora, que enfim conclui
a leitura, penso que quando a história realmente começou a ‘engrenar’, quando
tanto Anabelle quanto Lucius aceitaram a ideia da loucura que estavam vivendo e
começaram a ‘se mexer’ para realizar Belleville, o grande propósito da obra em
si... Foi quando não consegui mais largar o livro.
Porque daí
em diante a história ficou tão viciante, a ponto de eu conseguir sentir tudo o
que os protagonistas sentiam, que eu fiquei com o coração acelerado! Isso se
deu principalmente, pelo fato de a história ser narrada em primeira pessoa e
dividida entre ‘o mundo de Anabelle e de Lucius’.
Os
protagonistas são extremamente cativantes, Anabelle mais que Lucius, claro. Por
que digo isso? Porque na minha opinião, foi Anabelle quem carregou toda a
trama, porque não fossem as batalhas internas que a moça enfrentou, a violência
por qual teve que passar e todo o seu sofrimento, talvez eu não tivesse gostado
tanto da história. A escrita do Felipe é fantástica, não encontrei nenhum
erro grave de gramática e a arte da capa está incrível!
Tá esperando
o que para embarcar nessa aventura?
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